quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O Pequeno Príncipe Uma elegia a amizade.

 

Era uma vez um pequeno príncipe que vivia em um planeta pouco maior do que ele e precisava de um amigo ...

... então o Pequeno Príncipe decidiu fazer amigos.

Em sua jornada, ele conheceu muitos personagens diferentes que enriqueceram e moldaram sua vida de maneiras diferentes. O encontro com a raposa e a relação com a sua rosa, em particular, deixaram marcas profundas no seu coração.

A história do Pequeno Príncipe quer nos mostrar que: Só quando você conhece alguém e "cativa" se desenvolve um vínculo que continua mesmo quando o amigo não está por perto.

O homem nada mais é que um feixe de relacionamentos

Somente os relacionamentos são importantes para os humanos.

 

O Pequeno Príncipe e seus amigos

Uma rosa cresce no planeta do príncipe e ele cuida dela com amor. É vaidosa e exigente, mas por trás de sua fachada é muito frágil. Quando o Pequeno Príncipe parte em sua jornada, ele a deixa para trás, mas seu amor sincero por ela não é quebrado e seus pensamentos estão em sua mente constantemente com ela. Ele se sente muito sozinho na terra e percebe como é importante ter alguém próximo a ele quando está no exterior. É assim que ele conhece o piloto.

Ele se torna um confidente próximo e ambos aprendem a apoiar um ao outro.

 

O pequeno príncipe e a raposa

Há também uma relação especial entre o Pequeno Príncipe e a raposa, que lhe ensina uma lição importante: Só quando nos conhecemos, "cativamos" um ao outro, passamos a nos conhecer e cuidarmos honestamente do outro é que surge uma conexão que torna os outros únicos para nós.

Para mim, você ainda não passa de um garotinho que é exatamente igual a cem mil garotinhos. Eu não preciso de você e você também não precisa de mim. Para você, sou apenas uma raposa semelhante a cem mil raposas. Mas se você me cativar, nós nos procuraremos. Você será o único no mundo para mim.  E eu serei única para você no mundo.

 

Você só conhece as coisas que você cativa, disse a raposa, as pessoas não têm tempo de fazer amizade. Eles compram tudo pronto na loja, mas como não há lojas de amigos, as pessoas não têm mais amigos.

A amizade não é uma mercadoria que pode ser colocada no carrinho de compras ou colocada de volta na prateleira à vontade. É preciso muita paciência e tempo. Essa é a única maneira de conhecer e apreciar as semelhanças, pontos fracos e fortes do outro.

Os amigos precisam uns dos outros e se enriquecem. Se "cativamos" alguém, não somos mais responsáveis ​​apenas pela nossa felicidade, mas também pela felicidade do outro e, portanto, devemos ser capazes de nos colocar emocionalmente no lugar do outro.

Por exemplo, se você vier por volta das quatro da tarde, posso começar a ser feliz às três.

Alegria e decepção também podem estar juntas em uma amizade, porque cada pessoa tem expectativas e ideias diferentes. Mas se vocês conversarem, desapontamentos e mal-entendidos podem ser evitados.

Levar em consideração os sentimentos da outra pessoa, encontrar compromissos e ser capaz de confiar na outra pessoa - tanto nos momentos bons quanto nos ruins - é o que torna a amizade tão valiosa

A raposa confia ao príncipe um segredo que também deve acompanhá-lo em seu caminho:

A pessoa vê claramente apenas com o coração. O essencial é invisível aos olhos

O que torna o outro diferente não pode ser visto na superfície; apenas o coração - o amor - ajuda a compreender o essencial. O tempo que vocês passam juntos torna o outro tão importante para nós.

Como uma semente que dorme invisivelmente no solo até que desperte e se transforme em uma bela flor, a amizade também é uma planta delicada que floresce através da perseverança e do cuidado amoroso.

Temos que reconhecer o valor de nossa rosa, que difere de mil outras rosas porque nos familiarizamos com ela. A confiança permanece, mesmo que estejamos a quilômetros de distância ou tenhamos que dizer adeus. No coração, você fica conectado e tem a boa certeza de poder voltar para um amigo sempre que quiser.

Amigos são como estrelas.

Você nem sempre pode vê-los e, no entanto, eles estão lá.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Vá aonde seu coração levar

 



Opicina, 16 de novembro de 1992

Já se passaram dois meses desde a sua partida. E, nesse tempo, exceto por um cartão-postal onde dizia apenas estar viva, não tive mais notícias suas. Esta manhã, no jardim, fiquei um bom tempo diante da sua rosa. Apesar de ainda ser outono, ela se destaca — púrpura, solitária e orgulhosa — sobre o resto da vegetação já adormecida. Você se lembra de quando a plantamos?

Você tinha dez anos e acabara de ler O Pequeno Príncipe. Dei-lhe o livro como prêmio por ter passado de ano na escola. Você ficou encantada com a história. De todos os personagens, seus preferidos eram a rosa e a raposa; não gostou dos baobás, da serpente, do aviador, nem daqueles homens vazios e presunçosos que viviam em seus minúsculos planetas. Certa manhã, enquanto tomávamos café, você disse: “Quero uma rosa.” Quando argumentei que já tínhamos muitas, você respondeu: “Quero uma só para mim. Quero cuidar dela, vê-la crescer.” Claro que, além da rosa, você também queria uma raposa. Com a astúcia das crianças, colocou o desejo simples à frente do quase impossível. Como eu poderia negar a você a raposa, depois de lhe dar a rosa? Discutimos longamente sobre isso. No fim, optamos por um cachorro.

Na véspera de irmos buscá-lo, você não conseguiu dormir. A cada meia hora, batia à minha porta e dizia: “Não consigo pegar no sono.” Às sete da manhã já havia tomado café, se lavado e vestido, e esperava por mim sentado na poltrona, de casaco. Às oito e meia, já estávamos diante do portão do canil — ainda fechado. Olhando pelas grades, você perguntou:

“Como vou saber qual é o meu?”
Havia uma ansiedade contida em sua voz.
Eu te tranquilizei: “Não se preocupe. Lembre-se de como o Pequeno Príncipe cativou a raposa.”

Voltamos ao canil por três dias seguidos. Havia mais de duzentos cães, e você queria ver todos. Parava diante de cada jaula, imóvel, em uma aparente indiferença. Enquanto isso, os cachorros se lançavam contra a cerca, latiam, pulavam, tentando com as patas derrubar as grades. O atendente nos acompanhava. Achando que você era como qualquer outra criança, tentava seduzi-la mostrando os cães mais bonitos:
“Veja aquele cocker”, dizia ele. Ou: “O que acha daquela lassie?”
Você respondia apenas com um resmungo e seguia adiante, sem lhe dar atenção.

Encontramos o Buck no terceiro dia dessa via-crúcis. Ele estava em uma das baias dos fundos, onde ficavam os cães convalescentes.

Quando nos aproximamos, ao contrário dos outros, ele não correu até a grade — permaneceu sentado, sem sequer levantar a cabeça.
“É aquele”, você disse, apontando com o dedo. “Quero aquele ali.”
Você se lembra do rosto surpreso do atendente? Ele não conseguia entender como você havia escolhido aquele cachorrinho feio.
Buck era pequeno, mas trazia, em sua pequenez, traços de quase todas as raças do mundo: cabeça de lobo, orelhas caídas e macias de cão de caça, pernas finas como as de um bassê, cauda espessa como a de uma raposa, e a pelagem negra e castanha de um doberman.

No escritório, enquanto assinávamos os papéis, a funcionária nos contou sua história: ele havia sido jogado para fora de um carro em alta velocidade no início do verão. Feriu-se gravemente na queda, e uma de suas patas traseiras ficou pendendo, como morta.

Buck está aqui ao meu lado agora. Enquanto escrevo, ele suspira de tempos em tempos e encosta o focinho em minha perna. O pelo do focinho e das orelhas já está quase todo branco e, há algum tempo, a névoa típica dos cães velhos cobriu seus olhos. Comovo-me ao olhar para ele. É como se houvesse uma parte de você aqui ao meu lado — a parte que mais amo: aquela menina que, entre duzentos cães, soube escolher o mais frágil e o mais feio.

Nestes últimos meses, na solidão desta casa, os anos de incompreensão e desentendimento entre nós parecem ter se dissipado. As memórias que me rodeiam são as da sua infância — um filhote perdido e vulnerável. É a ela que escrevo, não à pessoa distante e defensiva que você se tornou. Foi a rosa quem me sugeriu isso. Quando passei por ela esta manhã, ela me disse: “Pegue um pouco de papel e escreva para ela.”

Sei que, entre os nossos acordos na sua partida, estava o de que não nos escreveríamos. E, com relutância, respeito isso. Estas linhas nunca voarão até você na América. Se eu já tiver partido quando você voltar, elas estarão aqui, esperando. Por que te digo isso? Porque, há menos de um mês, pela primeira vez na vida, adoeci gravemente.

Agora sei que, entre todas as possibilidades, existe também esta: em seis ou sete meses, talvez eu já não esteja mais aqui para abrir-lhe a porta, para te abraçar. Um amigo me disse, certa vez, que nas pessoas que nunca tiveram nada, a doença, quando chega, se manifesta de forma súbita e violenta. Foi exatamente o que me aconteceu. Uma manhã, enquanto regava a rosa, alguém apagou a luz. Se a esposa do senhor Razman não tivesse me visto através da cerca que separa nossos jardins, você provavelmente já seria órfã.

Órfã? Usa-se essa palavra quando uma avó morre? Não tenho certeza. Talvez os avós sejam considerados tão secundários que nem mereçam um termo que nomeie essa perda. Não se é órfão nem viúvo de avós. Pela ordem natural, eles ficam pelo caminho — assim como, por distração, se deixam guarda-chuvas esquecidos na estrada.

*Opicina é uma cidade no nordeste da Itália, perto da fronteira com a Eslovênia.

terça-feira, 22 de junho de 2021

O aviador e o pescador

 


Cativar é criar laços, já dizia a raposa ao Pequeno príncipe. Neste livro, a autora, Mônica Cristina Corrêa descreve os laços de amizade entre Antoine de Saint-Exupéry com um pescador em Florianópolis.

Pouca gente sabe da amizade que ele teve com Brasil, onde a companhia de correio aéreo para a qual trabalhava, a aéropostale, tinha várias escalas no início do século 20. Em Florianópolis, no sul do Brasil, ele fez amizade com os pescadores e se tornou conhecido como "zeperri.

 O livro dedicado às crianças, tem uma edição primordial com ricas ilustrações de Juliana Góes.

A autora do livro, ganhou o prêmio Saint-Exupéry com a primeira edição desta obra. Mônica é doutora em língua e literatura francesa com pós-doutorado em literatura comparada (Brasil – França). Mônica também traduziu o Pequeno Príncipe em uma edição belíssima da Companhia das letrinhas de 2015.

Nas duas edições: “O Aviador e o pescador” e “O Pequeno Príncipe” Mônica nos presenteia com fartos estudos sobre a vida e obra de Antoine de Saint-Exupéry.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O Pequeno Príncipe FTD

 



 Uma versão simplificada, com ilustrações sugestivas e diversos elementos que facilitam a leitura. Essa edição traz ainda passatempos e atividades divertidas que consolidam a compreensão do texto.

É uma tradução da adaptação de Carlo Scaglini com ilustrações de Marco lombardini, publicado originalmente na Itália. A tradução para o português ficou a cargo de Maurício Santana Dias.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Línguas artificiais

O livro “O Pequeno Príncipe”, tem várias funções além de ser apenas um livro infantil. Ser traduzido para todos os idiomas oficiais é apenas uma função literária alcançada. Já a tradução para os dialetos cumpre outras funções, que é perpetuar, alavancar, estimular e mesmo não deixar morrer os dialetos de cada país ou região.

Língua artificial é todo idioma construído e definido por um pequeno grupo de pessoas, em vez de ter evoluído como parte da cultura de algum povo. Geralmente, as línguas artificiais têm algum objetivo. Há muitas construídas para a comunicação humana, para servirem como códigos secretos, outras como experimentos lógicos e mesmo algumas construídas apenas por prazer, constituindo assim uma língua artística.

 Fazem parte da minha coleção do Pequeno Príncipe, algumas edições em línguas artificiais:

 

ESPERANTO

 

O Esperanto é uma língua internacional planejada que foi lançada em 1887 com objetivo de facilitar a comunicação entre os povos de diferentes países e culturas.

 O autor do Esperanto foi o médico polonês Lázaro Luís Zamenhof (1859-1917) que o lançou com o pseudônimo "Dr. Esperanto" que significa nesse idioma "aquele que tem esperança" em um livro denominado "Unua Libro de la Lingvo Internacia". Portanto, o nome original do Esperanto é "Lingvo Internacia", que melhor se traduz por "língua para ser internacional".

 

VOLAPÜK



O Volapük é uma língua artificial criada em 1879-1880 por Johann Martin Schleyer, um padre católico alemão, que durante uma insônia sentiu que Deus havia o mandado criar uma língua auxiliar internacional.

 

PATRIŻJU

 


Criada por Patrick Baert, um linguista belga, com o objetivo de criar sua própria linguagem. Uma linguagem que guardasse apenas os aspectos que ele mais gosta em outras línguas.

Assim nasceu Patriżju (pronuncia-se: pa-trits-you) - uma língua cujo vocabulário se baseia principalmente no romanche e no italiano (mas com influências do catalão, da Sardenha e do português); uma grafia baseada no maltês e monégasco e uma gramática inspirada no português e no italiano.

KLINGON


O klingon (tlhIngan Hol) é uma língua artística criada pelo linguista Marc Okrand para os filmes baseados na série americana de televisão Star Trek (Jornada nas Estrelas, no Brasil). Alguns fãs da série estudaram e aprenderam a falar fluentemente a língua, e existem pelo menos três publicações em Klingon.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Língua Volapuque

 


O Volapük é uma língua artificial criada em 1879-1880 por Johann Martin Schleyer, um padre católico alemão, que durante uma insônia sentiu que Deus havia o mandado criar uma língua auxiliar internacional.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O Pequeno Príncipe em Tchuvache

 


Tchuvache é a língua nativa do povo Tchuvache e língua oficial da Tchuváchia, sendo falada por cerca de 1,5 milhões de pessoas; 86% dos Tchuvaches étnicos e 8% de outras etnias que vivem na Tchuváchia. Dados a partir do Censo da Rússia de 2002. Mesmo assim e ainda que o Tchuvache seja ensinado nas escolas e usado algumas vezes na “mídia”, essa língua é considerada como em risco de extinção, pois o russo domina na maioria dos aspectos da vida dos Tchuvaches e poucas crianças que aprendem essa língua devem vir a ser usuários ativos da mesma.

O tchuvache (ou chuvache) utiliza o alfabeto cirílico, usando as letras do idioma russo adicionando mais quatro letras.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

O Pequeno Príncipe em Patriżju

 


A cada dia surge uma nova tradução ou adaptação do Pequeno Príncipe.

Acabo de receber uma nova edição, desta vez, em uma linguagem nova, criada por Patrick Baert, um linguista belga.

Patrick nos conta um pouco desta criação: 

“Durante anos, desenvolvi uma paixão avassaladora por línguas estrangeiras, especialmente catalão, português, romanche e maltês. Meu sonho sempre foi criar minha própria linguagem, uma linguagem que guardasse apenas os aspectos que mais gosto em outras línguas.

Assim nasceu Patriżju (pronuncia-se: pa-trits-you) - uma língua cujo vocabulário se baseia principalmente no romanche e no italiano (mas com influências do catalão, da Sardenha e do português); uma grafia baseada no maltês e monégasco e uma gramática inspirada no português e no italiano.

Desde que Patrizju nasceu, traduzi uma dezena de textos e livros. Por exemplo, traduzi vários títulos da série de quadrinhos "As Aventuras de Tintin" (A Estrela Cadente, O Caranguejo com as Garras de Ouro e A Ilha Negra), contos de fadas (como Branca de Neve), mas também textos mais legais (como como Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia ou Declaração Universal dos Direitos do Homem).

 Mas meu projeto mais ambicioso foi a tradução de O Pequeno Príncipe: IP-PRINĠEDDU em Patrizju, que foi publicado em novembro de 2020. É uma tradução muito original, pois o texto não é ilustrado pelas aquarelas de Saint-Exupéry, mas por ilustrações totalmente originais, desenhadas por uma ilustradora espanhola muito talentosa: Carmen Nogales.”