domingo, 15 de fevereiro de 2015

Dez verdades eternas que aprendi com “O Pequeno Príncipe”


Por Nara Rúbia Ribeiro

Quando menina, eu não tinha muitos livros. Na verdade, até os seis anos de idade não tinha nenhum. Foi aí que alguém presenteou a nossa família um exemplar de: O Pequeno Príncipe.

Assim se deu a minha estreia no mundo sem precedentes da literatura, e do principezinho… Passava horas olhando as letras e namorando as aquarelas do Saint-Exupéry. Minha mãe leu a história para mim e para o meu irmão por diversas vezes. Até que um dia ela emprestou o livro e nunca mais o vimos.

Então, não foi por acaso que, logo que comecei a trabalhar tratei de comprar outro exemplar. Ainda era adolescente quando sublinhei as frases que mais me marcaram e foram inúmeras as anotações no rodapé e nas laterais.

Eu cresci. Envelheci. Mas como tenho alma de poeta, ouso asseverar que a única sabedoria verdadeira é aquela com as cores da infância. O elevado só pode ser visto no simples, no puro, na singeleza daquele que olha o mundo com olhos desprovidos de blindagens e arestas.

Nesse exercício de regressar infâncias, eis as verdades que aprendi:

1 – “Os baobás, antes de crescer, são pequenos.”
Nunca deixar para amanhã a minha faxina interior.

2 – “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Preciso ter paciência com as minhas próprias limitações até as minhas asas ficarem prontas.

3 – “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar – replicou o rei. A autoridade baseia-se na razão.”
É desumano exigir do outro a entrega de algo que não lhe pertence. Não posso administrar a posse do outro, muito menos poderia administrar as suas lacunas. Assim, que eu cuide, então, das minha carências!

4 – “Tu julgarás a ti mesmo – respondeu-lhe o rei. – É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.”
Pensar na vida alheia, nas qualidades alheias é uma distração medíocre. Mais vale o autoconhecimento do que ter decorado a biografia de centenas de outros.

5 – “As estrelas são todas iluminadas… Será que elas brilham para que cada um possa um dia encontrar a sua?”
O universo colabora, dando-nos a luz de indizíveis estrelas. Resta-nos treinar a própria visão para que as saibamos enxergar.

6 – “Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás, para mim, único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.”
As pessoas se permitem cativar por vontade. Talvez inconscientemente, mas por vontade própria. Quando existe um laço assim, de encantamento construído, nenhum silêncio e nenhuma distância lhe pode vencer.

7 – “A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.”
O homem, na pressa cotidiana, habituou-se à superfície das coisas, dos relacionamentos. Habituou-se à superfície de si. Por isso estamos tão distantes da verdadeira saúde mental. É essa pressa que faz adoecer os homens.

8 – “O essencial é invisível aos olhos.”

Tudo o que vemos é provisório, parcial. Distorcida é a realidade que nos cerca. Aquilo que de fato é ressoa no abstrato, tem vigas invisíveis na alma e não cabe na palma de nenhuma mão.

9 – “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.”
A importância do outro não reside no outro. Reside em nossa aptidão interior de dispensar a ele o melhor de nós mesmos. É o nosso coração que faz com que o outro se torne tão especial.

10 – “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Talvez a frase mais famosa do livro. É uma assertiva que dispensa explicação. Toda e qualquer fala seria inútil. Se quiseres compreender, exercita-te. Cativa! E cativa-te primeiro a ti. Só assim dimensionarás a responsabilidade de tudo aquilo que é eterno.


Nara Rúbia Ribeiro


Escritora, advogada e professora universitária.
Administradora da página oficial do escritor moçambicano Mia Couto.
No Facebook: Escritos de Nara Rúbia Ribeiro
Mia Couto oficial

Saint-Exupéry


Por Frei Betto


Livros são estranhas criaturas. Independem de seus autores. Percorrem caminhos imprevisíveis. Quase nunca o best-seller de hoje é o clássico de amanhã. Há quanto tempo sumiram das listas de mais vendidos Meu pé de laranja-lima, de José Mauro de Vasconcelos e Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach?
A 29 de junho fez cem anos que nasceu em Lyon, França, Antoine de Saint-Exupéry, autor do célebre O Pequeno Príncipe (1943). Tornou-se a obra mais citada por quem não se destaca pelo hábito de leitura. Nove, em cada dez misses, o mencionam como livro preferido. O que contribui para condená-lo ao limbo das prateleiras de auto-ajuda, sem que a densidade de seu conteúdo ­ uma metáfora filosófica sobre a amizade e o amor ­ seja captada por muitos leitores.
Saint-Exupéry tornou-se piloto de avião aos 21 anos. O gosto pela aventura fez dele, em 1926, um dos pioneiros do correio aéreo, nas perigosas rotas entre a França, a África e a América do Sul. Na década de 30, empregou-se como piloto de provas. Um acidente obrigou-o a ficar um período em terra. De publicitário da Air France (1934), passou a repórter do jornal Paris-Soir, do qual foi correspondente de guerra na Espanha.
Em 1937, aceitou o risco de voar de Nova York à Terra do Fogo. O avião caiu na Guatemala e ele sobreviveu com algumas seqüelas. Alistou-se no serviço de reconhecimento aéreo dos aliados, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 31 de julho de 1944, não retornou da missão que o levou a sobrevoar, num Lightning P38, a região entre os Alpes franceses e o Mediterrâneo. Há indícios de que mergulhou próximo ao porto de Marselha e, agora, os destroços da aeronave estão sendo resgatados pela Marinha francesa.
Após sobreviver a duas guerras mundiais e a dois acidentes aéreos, há quem suspeite que Saint-Exupéry tenha, deliberadamente, empreendido uma viagem sem volta. Dotado de um humanismo que oscilava entre o Evangelho de Jesus e o niilismo de Nietzsche, talvez ele quisesse atingir as estrelas e aterrissar no asteróide onde vive o pequeno príncipe.
Saint-Exupéry considerava que "voar ou escrever é a mesma coisa." Quem escreve sabe o quanto a afirmação procede, considerada a precária tecnologia aeronáutica da primeira metade do século. O autor decola num vôo cego, apenas com uma intuição da rota, sem certeza de quando e como será a aterrissagem.
Os vôos literários do criador de O Pequeno Príncipe têm, entretanto, a arte de unir um estilo preciso com profundas reflexões sobre o sentido da vida. Em Correio do Sul (1929), cuja narrativa revela a influência de Gide, ele enfatiza o senso de fraternidade. Na época, cobrindo a rota Casablanca-Dakar, salvou aviadores em pane e libertou cativos das tribos do deserto.
Vôo Noturno (1931) é uma obra que trata das interrogações e angústias do ser humano inquieto frente ao próprio destino. Em Terra dos Homens (1939), que lhe fez merecer o grande prêmio da Academia Francesa, o estilo poético une-se à densidade filosófica do romance. Em Piloto de Guerra, redigido em Nova York, em 1942, ele protesta contra o absurdo do conflito mundial e enfatiza os direitos humanos.
"Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos" (O Pequeno Príncipe). Nesses tempos em que utopia soa como arcaísmo, competir se sobrepõe à solidariedade e o consumidor é mais valorizado que o cidadão, a obra de Antoine de Saint-Exupéry é um convite ao resgate do humanismo. Deveria ser leitura obrigatória nas escolas.
Frei Betto é escritor, autor de "Batismo de Sangue". A 11ª edição, revista e ampliada, chega às livrarias nesta semana.

Frei Betto

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

"O Pequeno Príncipe" ganhou uma nova edição ilustrada pela Geração Editorial. Com a  tradução de Frei Betto, a nova edição conta com páginas coloridas  e chega na versão luxo capa dura e pocket brochura. Há também um caderno ilustrado sobre a obra e a biografia de Exupéry.

NOVA TRADUÇÃO


Nova tradução agora a tradutora é Ivone C. Benedetti

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Língua Sérvia


Língua Sérvia



Tradutor: Stana Šehalić 
ISBN: none, 86-7609-142-0, 86-7609-310-5 Editora: JRJ, Zemun Series: Biblioteka 5+ ​​Data de publicação: 2004, 2005, 2006 , 95p 18 centímetros 

Língua Sérvia



Tradutor: Olgica Smiljanić ISBN: 86-84559-46-0 Editora: Globosino Aleksandrija / Čigoja Stampa, Beograd Series: Библиотека Плава звезда Data de publicação: 2004 147p, 21x15cm